quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

A Cidade e a Democracia

 A cidade como espaço compartilhado e os valores democráticos.

A identidade e o senso de pertencimento estão relacionados à maneira como seus cidadãos se apropriam dos espaços públicos.
Pensar a cidade como um espaço democrático é garantir que a população, sem discriminação de classe social, gênero, cor ou orientação sexual, possa desfrutar dos espaços públicos com significativa responsabilidade e com a mais ampla liberdade.



#cidadedemocratica #democracia #cidadania #responsabilidade #liberdade #direitosedeveres 
#direitoacidade

quinta-feira, 31 de março de 2022

A Torre de Eiffel e de todos nós.

Ah! Essa Torre que emana tantas emoções!!

Essa semana eu assisti, meio que por acaso nessas redes de streaming, o filme Eiffel. É um filme romântico baseado em fatos reais que mostra a trajetória profissional do Gustave Eiffel até finalização e inauguração de sua monumental Torre em 31 de Março de 1889.

E não é que fiquei emocionada?!! Encantada e maravilhada com a tecnologia, precisão do projeto, tanto arquitetônico, quanto estrutural e as dificuldades de execução da obra, numa época em que tudo era novidade e no fervilhar do século 19. Além de apresentar todos os envolvidos em sua execução, desde os burocratas da elite francesa até os operários trabalhadores no canteiro da obra. Sensacional! Se puderem, assistam esse filme! #FicaADica

Mas não é por isso que resolvi escrever esse texto... Afinal toda a história da Torre Eiffel, a biografia do Gustave, os eventos, etc... estão espalhados em livros e por toda internet.

Eu vim aqui pra contar minha sensação e meus sentimentos por essa Torre, tanto arquiteturalmente, quanto pessoalmente, e que hoje completa exatamente 133 anos.

Torre Eiffel vista de baixo. 1997
Foto do arquivo pessoal

Não sei o que dizer sobre coincidências, mas o ano em que entrei na Faculdade de Arquitetura, em 1989, a Torres Eiffel estava completando 100 anos! E eu, estava lá começando a estudar as artes e arquiteturas do mundo e entre elas, essa maravilha. Na época eu ainda não entendia direito sobre estruturas, estilos arquitetônicos, projetos executivos, cortes transversais e isso me fez pensar que eu estava apenas começando a aprender sobre uma técnica em que pessoas fantásticas já haviam executado 100 anos antes e que perdura até hoje como grande tecnologia. Por isso esse filme me tocou bastante, eu pude sentir esse "drama", tanto pelo lado profissional pela grandiosidade que é a arquitetura, a engenharia e a complexidade de um bom projeto, quanto pelo lado pessoal e cultural, de poder desfrutar dessa grandeza artística.

Eu tive a grata oportunidade de sentir e estar envolta nessa renda metálica! Em 1997 estive em Paris e subi até o topo da Torre e pude ver todos os horizontes envoltos da Cidade Luz a altura plena de 300m do chão. Maravilhoso e mágico! 

Eu e os metais da Torre. 1997
Foto pessoal

Ali é um lugar que eu voltaria sempre e sempre. Das gerações aqui de casa, fomos eu e meus pais, e foi um momento muito especial. Em meus planos pretendo um dia voltar com meu marido e minha filha, que se encanta mais com a Torre Eiffel do que com o castelo da Disney! E eu ,de certa forma, me delicio com isso!

Gustave estava certo! A Torre se tornou um ícone que recebe milhares de visitantes todo ano e consequentemente rende milhões financeiramente. E jamais será desmontada com seus milhões de rebites, maciça estrutura e potente fundação.

Por isso e entre outras coisas fabulosas, a Torre Eiffel é impressionantemente admirável e promove uma certa magia na gente. Não sei explicar o porque... Talvez seja por esse romance e esse envolvimento que surgiu desde Partido de Projeto e que encantou Gustave desde os primeiros traçados e que está gravado em cada travessa, em cada rebite, em cada metal e em cada vazio que forma esse visual e essa edificação que, pra mim, está eternizada como maravilha do mundo moderno.

Ah! E Fiquei sabendo que ela representa de fato a letra "A" e que felizmente é a letra do meu nome. Piegas ou não, eu adoro!!

Um abraço a todos vocês,

























Referências: 


Torre Eiffel: Breve histórico

EIFFEL. O filme: https://www.adorocinema.com/filmes/filme-254015/


segunda-feira, 28 de março de 2022

Saudações!

O tempo passa, as coisas mudam e os espaços se transformam.

Em algum momento você já mobiliou, montou, reformou ou até mesmo construiu sua casa ou seu espaço de trabalho. Onde quer que você esteja, seja num apartamento, seja num imóvel térreo, seja num espaço compartilhado, seja no espaço público, você certamente está envolvido com o trabalho de um profissional da arquitetura, do design ou da engenharia.

Algumas pessoas não tem a noção de quão importante é o trabalho de arquitetura!

De pensar o espaço de maneira funcional, de planejar uma construção e torná-la viável, ou seja, o trabalho de projetar.

Arquitetura nada mais é do que pensar a construção e colocar todas as ideias no papel de maneira que funcionem tanto praticamente como financeiramente. Por isso, não é só "um desenhinho", tá?

As vezes as pessoas pensam que contratar um arquiteto sai caro. Porém, uma obra mal planejada certamente sairá muito mais caro para o seu bolso, podendo gerar desperdícios, tanto de espaços e circulações, como econômicos e materiais perdidos em entulhos.

Eu sou Arquiteta desde 1994 e todos os projetos que fiz até hoje (mesmo aqueles iniciantes, sem muita experiência) com certeza ajudou o cliente a se planejar e se organizar para poder finalizar seu sonho. 

E também conheci, e ainda conheço, muitas pessoas que, principalmente na hora de reformar acham que "dá conta" sozinho junto com o pedreiro. Pode até ser que dê conta, mas pode ter certeza que se tiver um profissional arquiteto vai ficar muito melhor, talvez até gastando menos!

Quando eu falo dos pedreiros, ou seja, da mão de obra, aqueles que são bons profissionais e que possuem boa experiência, sempre preferem executar uma obra seguindo um projeto, seja do arquiteto com a concepção das ideias, seja do engenheiro com seus cálculos estruturais. Pergunte para seu pedreiro o que ela acha!!

Enfim, não vou me estender demais. O que eu queria contar pra vocês é que sigo com essa minha profissão que é tão importante para a sociedade e que ainda, infelizmente, não é todo mundo que contrata um arquiteto para planejar o sonho da construção ou reforma. 

E, de novo, não precisam pensar que é um serviço muito caro! Porque na verdade é um valor proporcional ao tamanho e à complexidade do seu projeto. Então, quando se pensa em construir, reformar, mobiliar, decorar, etc... pense que o valor total que você vai gastar, uma porcentagem bem pequena é o honorário do arquiteto, ou do designer e também do engenheiro quando necessário.

Arquitetura é para todos! E o Arquiteto, a Arquiteta está acessível pra todo mundo.

Estou por aqui!!! E meus colegas também!

Acesse Meu Portfolio







E aqui seguem algumas referência sobre a Regulamentação e Exercício profissional do Arquiteto.

Nosso Conselho é o CAU: Conselho de Arquitetura e Urbanismo

Aqui você pode tirar suas dúvidas sobre atividades privativas de Arquitetos e Urbanistas: Clique aqui!

E esta é a Lei 12.378/2010 que criou nosso Conselho próprio e que Regulamenta e define a profissão de Arquiteto.

Um abraço a todos vocês!

Saudações,

Annie

sexta-feira, 18 de junho de 2021

COMUNIDADE COWORKING

Vamos entender o que é isso?

Comunidade. Segundo alguns dicionários sua definição pode ser:

“estado ou qualidade das coisas materiais ou das noções abstratas comuns a diversos indivíduos; comunhão.”
“concordância, concerto, harmonia.”
“população que vive num dado lugar ou região, geralmente ligada por interesses comuns.”

Começamos a viver uma nova era, onde o compartilhamento está fazendo parte cada dia mais em nosso cotidiano. Estamos compartilhando o escritório, o consultório, a sala de reunião, o serviço prestado por uma secretária, mesmo que remota. No espaço público, estamos compartilhando o transporte por aplicativo que até então era individual. Sem falar em todo o sistema de transporte público, o maior compartilhamento de todos. No conceito de morar, estamos compartilhando os espaços de convivência residencial, os chamados Cohousing ou Co-lares, que são espaços residenciais compartilhados.

Para estar envolvido nesse conceito ‘Co, colaborativo, coparticipativo, comunitário, as pessoas precisam estar ou aprender a estar predispostas a compartilhar, a agregar, a incluir, a dividir e, contudo, multiplicar.

O mundo contemporâneo está pedindo esse comportamento.
O individualismo vem se mostrando economicamente inviável e interpessoalmente frágil.
Com isso, a noção de comunidade se fortalece. O apoio mútuo, a colaboração entre as pessoas, as trocas e as parcerias estão caminhando cada vez mais unidas nessa nova jornada social.

Mas então, o que seria uma Comunidade Coworking?
Seria um Networking?
Seria uma associação? Um clube?

Podemos dizer que seria um pouco de cada uma dessas coisas, já que essas ações promovem a junção de interesses e o bem comum.

Num Coworking, que é um espaço profissional compartilhado, podendo ser desde um espaço de saúde até um espaço corporativo com diversas especialidades, onde encontramos, dialogamos e nos conectamos com várias pessoas diariamente. Pela profissão e prestação do próprio serviço ou através do bate papo e conversas corriqueiras, podemos trocar informações, dicas de trabalhos e serviços diariamente.

Espontaneamente acabamos formando uma comunidade de informações com trocas de experiências e até mesmo transações comerciais através de indicações profissionais.

Então, por que não formalizar isso? Pensar sobre...

Estruturar uma comunidade de informações com pessoas que queiram compartilhar suas experiências e seus ofícios, formando uma rede de colaboradores de serviços e comércios.

Num Coworking encontramos não apenas o apoio físico e espacial mas também um apoio virtual das relações entre os profissionais. A Comunidade Coworking agrega valor a este ambiente profissional.

É uma forma da relação pessoal conseguir alcançar um vínculo economicamente viável a todas as pessoas envolvidas. Esse vínculo se torna ilimitado, podendo agregar inúmeras atividades, afinal sempre precisamos da indicação de um contato profissional, seja um advogado, um contador, um psicólogo, um arquiteto, uma diarista, um pedreiro, uma costureira, entre tantos outros...
Enfim, nossa vida necessita de uma comunidade de pessoas que trabalha e se relaciona.
Para compreender na prática a funcionalidade de uma Comunidade Coworking, seguem algumas ideias:
  • O convívio com diversos profissionais.
  • Conexões além do ambiente físico, podendo se estender para relações em redes virtuais.
  • As relações podem ser tanto do âmbito pessoal como profissional.
  • Gerar confiança e credibilidade.
  • Sensação de pertencimento.
  • Colaboração entre os profissionais.
  • Tornar-se aberto a novas oportunidades de negócios.

  • Dar ênfase às pessoas e com isso a oportunidade de interagir uns com os outros.

  • Proatividade.
Pensando nisso tudo, a Comunidade Coworking nada mais é que a criação de uma grande coletividade de indicações e geração de negócios entre os profissionais. Atua quase sempre intuitivamente de maneira simples e ativa, onde todo mundo cresce de forma colaborativa e com muito mais rapidez.

Lá no Tópikos Espaço Profissional, onde compartilho meu escritório, estão surgindo ideias e desenvolvimento de propostas para essa Comunidade Coworking, que estará conectada além do ambiente físico, ampliando suas relações profissionais e gerando novas oportunidades.

Se quiser, vêm com a gente!!

www.topikos.com.br

https://www.facebook.com/TopikosEspacoProfissional

https://www.instagram.com/espacotopikos/

email: contato@topikos.com.br

terça-feira, 9 de junho de 2020

Hall de Entrada

Um aliado à prevenção da contaminação.

Hall é uma palavra de origem inglesa que significa a Sala de Entrada. É um espaço social de acesso que separa a edificação do ambiente externo ao interno, seja de uma casa ou de um apartamento, seja de um edifício público ou privado.
Nas residências, pode ser conhecido também como Vestíbulo e nos prédios públicos ou coletivos, pode ser chamado de Saguão.

Hall de Entrada de casa
Foto: Annie Carrera
Nessa situação atual de pandemia estamos mais preocupados com a higienização e assepsia, por isso mais atentos a esse ambiente que separa, filtra e protege nossa casa ou nosso espaço de trabalho das possíveis contaminações externas.
O Hall, por ser um ambiente social, sempre foi um espaço de recepção da casa, do edifício ou do apartamento.  
Ao longo da história da arquitetura ele sempre existiu com a função de receber as pessoas na porta de entrada e evitar que olhares estranhos penetrem no ambiente familiar. É configurado também como uma Antessala.
Usualmente é o ambiente onde se pode ter um cabideiro para as pessoas deixarem seus casacos e bolsas, um aparador ou um móvel para a colocação de chaves e objetos imediatos e ainda um espaço onde se possa ter um espelho para visualização e retoque antes de saírem de casa.
Porém, atualmente, estamos agregando funções a este Hall de entrada.
Este ambiente, a partir de agora, ganhará muito mais destaque e valorização no projeto de arquitetura. É importante entender que possuir um hall de entrada é um meio de combater a entrada de vírus e contaminações para dentro das casas e dos ambientes de trabalho.
É preciso repensar esse espaço com mais funcionalidade e não apenas com a beleza e estética. Seja na concepção inicial do projeto arquitetônico, ou como forma de adaptação desse ambiente de acesso já existente nas edificações.
Depois é necessário compor esse hall com móveis e objetos, como bancos, cestos, sapateiras e cabideiros, que auxiliem os residentes a retirada dos sapatos e pertences que circularam no ambiente externo, assim como a colocação de aparadores e acessórios indispensáveis para a desinfecção pessoal e dos artefatos vindos de fora, como especialmente, deixar em evidencia o frasco de álcool em gel.
O mundo mudou e precisamos ir ao encontro desses novos hábitos, onde esses espaços de acessos serão mais funcionais e preocupados com a higiene, assim como é muito comum no Japão, os chamados Genkan.
Genkan é a área de entrada tradicional das casas e prédios japoneses que possui um tapete onde deve-se retirar os sapatos. Sua principal função é evitar que as sujeiras da rua que ficaram no sapato entrem dentro da casa ou de certos edifícios, sejam escolas, prédios governamentais, restaurantes tradicionais e até mesmo algumas empresas construídas em estilo antigo.
Algumas dessas transformações, restrições e cuidados higiênicos já estão se tornando comum em nosso comportamento e já estão sendo absorvidas em nosso dia a dia e por isso devem permanecer mesmo depois da pandemia.

Mesmo que isso tudo tenha sido uma ruptura repentina em nossos modos de vida, esse novo Coronavírus nos apresentou uma nova forma de encararmos o mundo. Estamos redefinindo o conceito de ‘normalidade’ e isso reflete principalmente na maneira como nos relacionamos com o mundo e com a nossa própria casa, além do desafio de aprender a lidar com um futuro relativamente desconhecido.

Junho/2020
Em meio à pandemia do Coronavirus - COVID19

Referências:




quinta-feira, 21 de maio de 2020

Reformas em Apartamentos??


Temos a ABNT 16.280/2015

Edifício - Foto Google
Está em vigor desde 2014 e revisado em 2015 a Norma Técnica 16.280 sobre “Reforma em edificações — Sistema de gestão de reformas”, principalmente para edificações verticais onde fica estabelecido os requisitos para os sistemas de gestão de projetos, controle de processos, execução e segurança da obra e da própria edificação.
Desde então, para se executar uma obra dentro de uma unidade de um condomínio vertical, o morador ou proprietário do imóvel deve obrigatoriamente apresentar ao Síndico do prédio um RRT – Registro de Responsabilidade Técnica assinado por um Arquiteto, ou ART – Anotação de Responsabilidade Técnica assinado por um Engenheiro Civil, em que os profissionais estejam devidamente registrados em seus respectivos Conselhos Federais.
Dependendo da complexidade da reforma e da legislação de cada município é necessário também entrar com processo e protocolo de Pequena Reforma junto à Prefeitura Municipal.
É preciso se atentar que qualquer obra, mesmo que pareça simples, poderá gerar riscos à segurança da edificação, porque, quando se tem um projeto original, tudo o que foi executado e instalado ali foi devidamente planejado e calculado. Portanto qualquer alteração de peso de laje, remanejamento hidráulico-elétrico, troca de revestimento, mudança de forro ou mesmo a inserção de novas estruturas, isso tudo poderá acarretar grandes oscilações estruturais e comprometer seriamente a edificação como um todo.
Por isso, ao querer iniciar uma obra para reforma de apartamento, contate um Arquiteto ou um Engenheiro, para que o profissional possa assessorar, elaborar o projeto com documentos descritivos e registrar a responsabilidade técnica, tanto para a obra (intervenção na edificação) como para a apresentação à administração do Condomínio (síndico).

Contrate um Arquiteto e transforme suas ideias em realidade!!

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Banheiro, da saúde pública à estética


Sempre pensamos no Banheiro no momento do aperto!

Esse ambiente mais íntimo de nossa casa as vezes nos passa desapercebido, mas ele sempre está lá quando precisamos fazer nossas ‘necessidades’. Será mesmo?
Nem sempre foi ou é assim.
E se pararmos para pensar na importância desse espaço, será que conseguimos imaginar como era tomar banho e fazer as necessidades fisiológicas antigamente?
O Banheiro gera um assunto muito importante a ser desenvolvido, pensado e dialogado, que vai da Arquitetura ao Urbanismo, da estética à saúde pública, que é o Sistema Sanitário.

Banheiro Social, Projeto 2019 - Campinas
Por Annie Carrera

Um pouquinho de história

Na antiguidade, por volta de 2.000 a.C, surgiram no Egito as primeiras latrinas com assento como conhecemos hoje. Na época haviam banheiros apenas para banhar-se, e outros apenas para se fazer as necessidades fisiológicas.
Na Roma antiga os banheiros eram comunitários e as pessoas sentavam lado a lado numa espécie de banco de madeira ou pedra, com buracos nos quais os dejetos eram liberados e embaixo deles passava um canal de água corrente (os aquedutos) e até mesmo esgoto, usado para carregar esses dejetos até rios distantes. Os romanos popularizaram os banhos públicos, os chamados banhos termais.
Esses encontros nos banheiros públicos promoviam interação, debates, encontros cívicos e até mesmo banquetes. Embora houvesse divisões para homens e mulheres, às vezes, ocorria o fato de não respeitarem essa separação e era muito comum ficarem nus na frente um dos outro.
Por questões culturais e religiosas com o avanço do moralismo cristão pela Europa ao longo da Idade Média, os banhos e latrinas públicos foram proibidos. Porém a grande crítica da Igreja não foi as latrinas em si, mas aos banhos públicos, onde as pessoas ficavam nuas ou seminuas. Por isso passou-se a proibir o banho regular e a frequentar esses ambientes julgados antros de safadeza por incitar a luxúria e outros pecados.
A higiene pessoal passou a ser feita com panos úmidos, sempre em ambiente privado e raramente todos os dias. Nas casas mais abastadas haviam banhos de tina, mas era comum que a família inteira se limpasse com a mesma água.
Com isso,
... ‘todos os avanços dos antigos romanos “foram pro ralo” na Europa medieval. Eles simplesmente se esqueceram de todos os sistemas desenvolvidos séculos antes, e não tinham nenhuma infraestrutura. Era comum que o esgoto corresse a céu aberto, em valas no meio das ruas. E o pior: dentro das casas não existiam banheiros. Os penicos eram utilizados por todos e esvaziados pela janela. Banheiros dentro de casa só começariam a se popularizar na Europa em 1668, quando a França instituiu uma nova legislação em Paris: o decreto determinava que todas as novas casas construídas na cidade deveriam ter esse importante cômodo.’

Banho de Tina

Foi no século 18 que prevalece a ideia de que a falta de banho causa doenças e isso faz com que, no século 19, as redes de água e esgoto das cidades comecem a prosperar. Essa evolução sanitária facilitou a instalação de banheiros familiares nas casas. No Brasil, nas residências de famílias ricas, apareceram as primeiras peças importadas de louça e ferro esmaltado. E a partir de então passamos a ter a construção do banheiro basicamente como conhecemos hoje.
E desde então a tecnologia das peças, revestimentos e instalações hidráulicas e elétricas foram se transformando e hoje, os banheiros contemporâneos buscam cada vez mais sustentabilidade, economia de água, automação, design e limpeza. E no caso dos banheiros públicos, busca-se cada vez mais acessibilidade, segurança, qualidade de vida e saúde aos usuários.

A questão sanitária

Ao longo da história da humanidade é importante pensarmos no banheiro como uma questão de saúde pública.
“Nenhuma invenção salva tantas vidas como o vaso sanitário

Não vou contar aqui a história da invenção do vaso sanitário pois é facilmente encontrada na internet, mas é muito interessante sabermos que existe o Dia Mundial do Vaso Sanitário.
A ONU, Organização das Nações Unidas com a iniciativa de Cingapura, oficializou em 2003 o dia 19 de Novembro como o Dia Mundial do Vaso Sanitário. Desde então, atividades e discussões são fomentadas para que se conscientizem os governos de todos os países sobre a importância de assegurar um saneamento adequado para toda a população.

Banheiro Público, Paris - Séc. XIX

O World Toilet Day, como é conhecido internacionalmente, ajuda a conscientizar as pessoas e os governos sobre a enorme quantidade de pessoas que não possuem acesso à um vaso sanitário limpo e com sistema de saneamento adequado.
O problema vai muito além do que ter que urinar ou defecar ao ar livre, pois a falta de saneamento básico de qualidade facilita a proliferação de doenças perigosas, como malária e a diarreia, que afeta principalmente as crianças e os recém-nascidos.

Vamos a alguns números:
  • 6 em cada 10 pessoas no mundo vivem sem sistema sanitário. Isso atinge cerca de 4,5 bilhões de pessoas.
  • 2,1 bilhões de pessoas não têm acesso à água potável.
  •  Quase 1.000 crianças morrem por dia decorrentes da crise sanitária.

Crise Sanitária Mundial
Muitos parasitas e doenças como a cólera, o tifo e a poliomielite são disseminados devido à falta de sistemas seguros de saneamento. Muitos países ao redor do mundo, como por exemplo a Índia, vários países Africanos e mesmo o Brasil têm sérios problemas sanitários e dificuldade para oferecer sistemas de saneamento aos seus cidadãos.
A OMS enfatiza a importância de atender principalmente às necessidades das comunidades mais carentes e aos espaços públicos – especialmente às mulheres e meninas, para quem os banheiros significam mais do que higiene e saúde: eles são fonte de segurança e educação.

A questão cultural

Para que os objetivos e as metas de saneamento sejam atendidos, não basta só construir banheiros, é importante considerar que há uma questão cultural e de regionalidade para conscientizar as pessoas sobre a importância da higiene.
Nem sempre o modelo europeu de sistema de esgoto é viável em todo o mundo. Seja por  questões financeiras, seja por questões estruturais, porque existem regiões, por exemplo, que simplesmente não dispõem de água para esse tipo de sistema. Por isso desenvolver outras tecnologias, como de compostagem ou mesmo de fossas sépticas instaladas longe de poços e leitos mananciais são soluções possíveis. O mais importante é que os resíduos não sejam liberados diretamente no meio ambiente e que as pessoas tenham acesso a um sistema sanitário eficiente e um banheiro seguro e digno.
Assim podemos perceber que o vaso sanitário ao longo da história se transformou em objeto de extrema necessidade nas residências e nos espaços públicos, promovendo a melhoria das condições de saúde de milhões de pessoas.

As fezes humanas carregam mais de 50 doenças transmissíveis, e uma privada pode reduzir infecções em 40%. A invenção mais importante do mundo proporcionou o descarte mais eficiente de dejetos, diminuindo doenças e aumentando a qualidade e a expectativa de vida nas cidades.

Texto escrito por Annie Carrera,
Em meio à pandemia do Coronavirus - COVID-19
Maio/2020

Referências: